Saturno versus Júpiter: Polaridades Culturais na História da Arte Ocidental

# Saturno versus Júpiter: Polaridades Culturais na História da Arte Ocidental
## Introdução Desde a Antiguidade, estudiosos e artistas observaram oscilações entre tendências estéticas opostas ao longo da história da arte ocidental. Periodicamente, a cultura parece pender ora para estilos **“saturninos”**, de caráter clássico, formal e realista, ora para estilos **“jupiterianos”**, de caráter expansivo, emotivo e inovador. Inspirada por princípios da **astrologia cultural**, esta pesquisa explora a hipótese de uma *polaridade cultural* associada aos símbolos planetários de **Saturno** e **Júpiter** na evolução da arte, literatura e música ocidentais. Em termos astrológicos, Saturno representa restrição, tradição e realismo, enquanto Júpiter representa expansão, otimismo e criatividade. **Saturno** é “a voz da razão”, ligada à disciplina, estrutura e experiência adquirida, simbolizando paciência e respeito pelos limites e pela tradição. **Júpiter**, em contraste, simboliza a expansão, a confiança e o progresso abundante, estando associado ao otimismo, à abundância e ao desejo de crescer além das fronteiras existentes. No domínio das artes, podemos traçar um paralelo entre essas qualidades astrológicas e os grandes movimentos estéticos. Conforme propôs o historiador de arte Giulio Carlo Argan, a cultura artística ocidental moderna se organiza dialeticamente em torno de dois polos conceituais: o **clássico** e o **romântico**. Argan define o *clássico* como a vertente ligada à arte greco-romana antiga e ao seu renascimento humanista nos séculos XV-XVI (Renascimento), enquanto o *romântico* liga-se à arte cristã medieval (especialmente Românico e Gótico) e, por extensão, a todas as correntes estéticas que enfatizam emoção e subjetividade em detrimento dos cânones clássicos. Essa formulação sugere um **padrão cíclico** na história: períodos de retorno à ordem clássica (saturninos) se alternam com períodos de revolta emotiva e expansiva (jupiterianos). O objetivo deste artigo é analisar comparativamente, **através dos séculos**, os principais **movimentos artísticos ocidentais** – especialmente na pintura, música e literatura – dentro desse esquema de polaridades Saturno–Júpiter. Para cada período ou movimento, são apresentadas suas características-chave, palavras-chave associadas ao arquétipo saturnino ou jupiteriano, os artistas e obras mais representativos, bem como suas datas aproximadas de início e término. Busca-se evidenciar como os estilos ditos “saturninos” (clássicos, racionais, realistas) alternaram-se historicamente com estilos “jupiterianos” (barrocos, românticos, modernos) em um diálogo cultural contínuo. A estrutura do texto segue a cronologia, indo da **Antiguidade Clássica grega** até a **arte contemporânea pós-moderna**, mostrando em cada capítulo esse jogo de opostos complementares. Por fim, apresenta-se uma conclusão e uma bibliografia final nos moldes acadêmicos (ABNT). ## Saturno e Júpiter: simbolismo astrológico e analogias culturais
Antes de adentrar na análise histórica, convém esclarecer brevemente o **simbolismo astrológico** de Saturno e Júpiter e por que eles podem servir como metáforas úteis em história da arte. Na astrologia tradicional, Júpiter e Saturno são vistos como planetas sociais, associados a tendências coletivas e culturais. **Júpiter**, conhecido como o *Grande Benéfico*, representa princípios de **expansão, confiança e otimismo**, governa conceitos como a fé, a filosofia, a abundância e a busca por crescimento. É associado à legalidade, à ordem social estabelecida e à generosidade, mas também à **criatividade exuberante**, ao **entusiasmo** e à ampliação de horizontes. **Saturno**, por sua vez, é tradicionalmente o *Grande Maléfico* ou Senhor do Tempo, representando **limites, responsabilidade e tradição**. Saturno simboliza a estrutura, a disciplina, a paciência e a sobriedade adquiridas com a experiência; está ligado a figuras de autoridade e à cautela diante do novo. Em resumo, **Saturno freia e estrutura; Júpiter expande e estimula**. Transpondo essas ideias para a cultura, é possível pensar em **períodos “saturninos”** como aqueles em que prevalece a valorização da *ordem, da razão e dos modelos tradicionais*, enquanto os **períodos “jupiterianos”** enfatizariam a *inovação, a liberdade expressiva, a emoção e a ruptura com os padrões anteriores*. Essa dualidade ecoa outras dicotomias famosas na estética, como **“clássico vs. romântico”**, **“Apolíneo vs. Dionisíaco”** ou **“Academicismo vs. Vanguarda”**, mas aqui adotamos especificamente a terminologia astrológica Saturno–Júpiter para sublinhar a ideia de um *ciclo pendular*. Como veremos, diversos historiadores já notaram que a história da arte ocidental alterna fases de retorno ao **formalismo clássico** e fases de explosão **expressiva e experimental**. Essa alternância não é perfeitamente rígida – muitas vezes elementos clássicos e românticos convivem – porém, a cada era é possível identificar uma inclinação predominante. Nos próximos tópicos, analisaremos sucessivamente esses movimentos pendulares através dos séculos. ## Antiguidade Clássica (Saturno) e Período Helenístico (Júpiter)
A civilização grega antiga legou à posteridade os fundamentos do **classicismo** artístico. No período **Clássico** de Atenas (c. 480–323 a.C.), as artes buscaram a *harmonia, a medida e a idealização da forma humana*. Escultores como **Fídias** e **Policleto** estabeleceram cânones de proporção e serenidade formal; suas estátuas de deuses e heróis exibiam expressões comedidas e anatomia perfeita, encarnando o ideal racional de beleza. A arquitetura dos templos gregos, como o Partenon (século V a.C.), caracterizou-se pela simetria e equilíbrio de proporções, refletindo um espírito saturnino de ordem e permanência. Na literatura, os dramaturgos gregos do século V a.C. (Sófocles, Eurípides) escreveram tragédias de estrutura formal rigorosa, impregnadas de destino e moral – outro traço alinhado à gravidade de Saturno. A própria filosofia grega – Platão, Aristóteles – exaltou a razão e a busca de leis universais, valores caros ao arquétipo de Saturno. Em suma, na **Arte Clássica grega** predominaram o *racionalismo, o equilíbrio e a mímesis idealizada da realidade*, estabelecendo modelos que seriam revividos séculos depois. Porém, após Alexandre Magno (século IV a.C.), o mundo grego ingressou no período **Helenístico** (c. 323–30 a.C.), no qual as artes tomaram um rumo diferente e mais “jupiteriano”. A escultura helenística, exemplificada pelo famoso **Laocoonte** ou pela **Vitória de Samotrácia**, buscou **captar movimento, emoção e drama**, rompendo com a serenidade clássica. As figuras tornam-se mais **dinâmicas, expressivas e realistas**, por vezes retratando idosos, crianças ou cenas carregadas de paixão e sofrimento – temas antes evitados. Historiadores da arte veem esse florescimento helenístico como uma espécie de "*barroco da antiguidade*", dado seu **exuberante pathos** em contraste com a contenção clássica. De fato, no Helenismo a emoção prevalece sobre a razão, numa “arte de emoções” que prefigurou muito do que séculos mais tarde seria o Barroco. Na literatura helenística, poetas como **Teócrito** desenvolveram a poesia bucólica idílica, de tom sentimental e intimista, enquanto romances gregos primitivos exploraram aventuras e amores – rompendo com o tom épico e heróico do período clássico. Também na filosofia surgiram correntes mais orientadas à experiência humana (estoicismo, epicurismo) em vez da abstração ideal. Assim, se a Atenas clássica pode ser vista como uma era saturnina de proporção e razão, a **Alexandria helenística** foi uma era jupiteriana de **inventividade, cosmopolitismo e expressão desinibida**. É marcante que já na Antiguidade se revele esse vaivém: a ordem clássica cede lugar a uma fase posterior de **ampliação dos horizontes estéticos e emotivos**. ## Idade Média Cristã (Júpiter) versus Renascimento Clássico (Saturno)
Com a queda do Império Romano (séc. V d.C.), a cultura europeia migrou do ideal clássico pagão para a cosmovisão cristã medieval. Durante a **Idade Média** (séculos V–XV), especialmente na Alta Idade Média, a produção artística afastou-se deliberadamente dos modelos greco-romanos, assumindo características peculiares que podemos associar ao arquétipo jupiteriano. A arte medieval – fortemente didática e religiosa – privilegiou a **espiritualidade, a emoção devocional e o misticismo** em vez do naturalismo clássico. Nas igrejas românicas (séc. XI–XII), por exemplo, encontramos figuras esculpidas hieráticas e simbólicas, proporcionadas não pela óptica realista mas pela importância teológica. Já o estilo **Gótico** (séc. XII–XIV) levou a arquitetura a alturas vertiginosas: catedrais como Notre-Dame elevaram arcos ogivais e vitrais coloridos que inundavam os interiores de luz multicolorida, criando uma atmosfera etérea e transcendental. Essa estética gótica, com suas **decorações exuberantes, verticalidade ousada e expressão do sentimento religioso**, representa um claro afastamento do equilíbrio clássico – um mundo onde a **fé e a emoção coletiva** dominavam. De fato, Argan qualificou a arte medieval cristã (românica e gótica) como pertencente à vertente “romântica” da cultura, em oposição à tradição clássica antiga. Na música medieval, o contraste é semelhante: o **canto gregoriano** (saturnino em sua austeridade talvez) cedeu lugar, no final do período, a elaboradas polifonias góticas, como os motetos de Pérotin em Notre-Dame, cheias de entrelaçamentos melódicos que elevavam o espírito. Na literatura medieval, as **poesias trovadorescas** (séc. XII) cantavam o amor cortês de forma lírica e emotiva, enquanto as grandes epopéias e romances de cavalaria – *A Canção de Rolando*, os **ciclos arturianos** – exaltavam ideais idealizados de fé e honra, povoando a imaginação com milagres e fantasias. Em síntese, a Idade Média apresenta um caráter **teocêntrico e emotivo**, onde a **imaginação e a fé** (“Júpiter”) suplantaram a razão e a referência clássica. Ainda que a arte medieval tivesse suas regras estritas (muito definidas pela Igreja, como a iconografia rígida da arte bizantina, por exemplo), do ponto de vista estilístico ela se afastou das proporções humanas naturais – valorizando o **espiritual sobre o material** – o que a coloca no lado oposto ao classicismo greco-romano.
Por volta do século XV, entretanto, ocorre na Itália um poderoso movimento de **retorno aos ideais clássicos**: o **Renascimento**. Este período (aprox. 1400–1600) representa um genuíno momento saturnino de recuperação consciente da ordem e dos valores da Antiguidade. Os artistas renascentistas buscaram reviver a harmonia e a racionalidade greco-romanas, combinando-as com novas técnicas. Pintores e escultores como **Leonardo da Vinci**, **Michelangelo** e **Rafael** estudaram profundamente a anatomia e a perspectiva para retratar a figura humana de forma *naturalista e ideal*. O Renascimento foi marcado pela **valorização do homem (humanismo) e pela racionalidade**, em contraste com o teocentrismo medieval. Desenvolveu-se a perspectiva linear na pintura (desde Brunelleschi e Masaccio), conferindo **realismo espacial** às obras, e as composições buscavam simetria e equilíbrio reminiscentes da arte clássica. Como define Argan, foi o “renascimento na cultura humanista” da estética antiga. Uma citação da enciclopédia Wikipédia resume bem: *“Enquanto no Renascimento o tratamento das temáticas enfatizava qualidades de moderação, economia formal, austeridade, equilíbrio e harmonia...”*. De fato, obras-primas renascentistas como *O Nascimento de Vênus* de Botticelli (1485) ou *A Escola de Atenas* de Rafael (1511) exibem idealização clássica e ordem composicional. Na arquitetura, templos e palácios renascentistas (por ex., de Brunelleschi ou Palladio) retomaram colunas e frontões clássicos, aplicando proporção matemática aos espaços. Na música, o alto Renascimento (Palestrina, séc. XVI) perseguiu uma *polifonia equilibrada e clara*, “moderada” em dissonâncias, almejando um ideal de harmonia celestial regrado – correspondendo ao Saturno da disciplina.
Assim, o **Renascimento** pode ser visto como uma reação saturnina à extravagância gótica precedente – um *resgate consciente da sobriedade e do racionalismo antigos*. Não por acaso, os próprios renascentistas depreciavam a Idade Média (que chamavam de “idades das trevas”) por considerá-la bárbara e inculta, e se espelhavam diretamente nos modelos greco-romanos. Foi um período de otimismo na capacidade humana e de **respeito à tradição clássica**, embora inovando em ciência e técnica. Em suma, o pêndulo retornou: após séculos de predomínio espiritualista e emotivo (Júpiter medieval), o mundo ocidental experimentou um renascer da estrutura, da razão e da forma perfeita (Saturno renascentista). ## Barroco (Júpiter) e Classicismo Acadêmico / Neoclassicismo (Saturno)
No final do século XVI, um novo giro ocorre. O **Barroco**, estilo que domina o século XVII (aprox. 1580–1720), nasce inicialmente na Itália e logo se espalha pela Europa católica, representando um vigoroso impulso **anti-renascentista** em termos de linguagem artística. Se o Alto Renascimento buscara moderação e equilíbrio, o **Barroco** deleita-se no **excesso, no dinamismo e na paixão**. Conforme define a historiografia, o Barroco é *“o estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII (...). Enquanto no Renascimento enfatizava-se a moderação, austeridade e harmonia, o tratamento barroco dos mesmos temas mostrava maior dinamismo, contrastes mais fortes, dramaticidade, exuberância e realismo decorativo”*. Ou seja, o Barroco assumiu deliberadamente uma estética **emocional e contrastante**, ampliando os limites expressivos – traços claramente associados a Júpiter. Diversos fatores culturais contribuíram para o surgimento desse “espírito barroco”: a **Contrarreforma católica** estimulou uma arte mais emotiva e teatral para reconquistar fiéis; o **absolutismo monárquico** apreciava o esplendor ornamental como símbolo de poder; e uma nova sensibilidade, influenciada pelo maneirismo tardio, buscava expressar as inquietações e êxtases da alma. O resultado foram obras de arte que frequentemente combinam *grandiosidade e exuberância material com fervor espiritual*. Na pintura barroca, **Caravaggio** introduz o chiaroscuro dramático e figuras intensamente realistas que “saltam” da penumbra, provocando forte impacto emocional. **Peter Paul Rubens**, por sua vez, enche suas telas de movimento serpentino e sensualidade exuberante. Na escultura e arquitetura, **Gian Lorenzo Bernini** encarna o barroco italiano: seu *Êxtase de Santa Teresa* (1652) em Roma mostra a santa em arrebatamento místico, esculpida com tal dramatismo nas vestes e expressões que a pedra parece viva; enquanto na arquitetura, Bernini projetou colunas curvilíneas e espaços teatrais (como a colunata da Praça de São Pedro) envolvendo o observador. A música barroca (c. 1600–1750) igualmente enfatiza a emoção: compositores como **J. S. Bach**, **Händel** e **Vivaldi** criaram peças de intricada ornamentação e contrastes expressivos (da solenidade de um coral às passagens virtuosísticas de um concerto), buscando *“afetar os afetos”* do ouvinte. Em suma, em todas as artes o Barroco privilegiou a **paixão, a complexidade e a exuberância** – podemos dizer, privilegiou **a emoção sobre a razão**. Como bem colocou o escritor brasileiro *Silas Massini*: *“O Barroco floresceu no século XVII em contradição aos ideais renascentistas ausentes de emotividade e paixão. Se o Renascimento fosse um soneto, o Barroco seria a prosa, a transformação de Apolo em ideais dionisíacos. O Barroco é a arte da paixão, do desejo e do sentimento espontâneo...”*. Essa citação ilustra claramente a polaridade: Apolo (deus solar da razão, análogo a Saturno) cede lugar a Dioniso (deus do êxtase, análogo a Júpiter) no século barroco. Não à toa, muitos autores consideram que o *Barroco não foi apenas um estilo*, mas *“todo um movimento sociocultural, formulando novos modos de entender o mundo, o homem e Deus”* – uma verdadeira mudança de paradigma em relação ao ideal clássico.
Entretanto, por volta de meados do século XVIII, observa-se nova inflexão em sentido contrário. A partir do **Iluminismo** e do **Neoclassicismo**, há um ressurgimento de tendências saturninas, buscando novamente a sobriedade e a razão. Ainda no final do Barroco, alguns artistas já apontavam para uma retomada da ordem: por exemplo, o estilo **Acadêmico francês** sob Luís XIV, embora decorativo, trouxe certa formalidade clássica (a chamada *“Arte Clássica”* francesa do século XVII, de **Poussin** e das tragédias de **Racine**, contrastava com o barroquismo latino). Mas a reação mais concreta veio após 1750 com o **Neoclassicismo** – movimento artístico e literário que dominou aprox. 1770–1820. Influenciados pelas escavações de Pompéia e pelo racionalismo iluminista, artistas neoclássicos propuseram um retorno consciente às formas greco-romanas, pregando *simplicidade, simetria e virtude moral* na arte. **Jacques-Louis David**, principal pintor neoclássico, por exemplo, em obras como *O Juramento dos Horácios* (1784), apresenta figuras delineadas com contornos nítidos, composição equilibrada e temática de dever cívico, em direta oposição ao excesso ornamental rococó e barroco que o precedeu. Nos salões e academias europeias, instituiu-se o **formalismo e racionalismo** como critérios estéticos, valorizando o desenho correto, a imitação dos modelos clássicos e a “boa ordem” na pintura e na escultura. Na arquitetura, **Antonio Canova** e outros retomam a pureza das estátuas clássicas em mármore branco, e edifícios públicos imitam templos romanos (p. ex. o Panteão de Paris, 1790). Na literatura, o final do séc. XVIII viu florescer o **Arcadismo** (ou Neoclassicismo literário) – poetas como **Cláudio Manuel da Costa** e **Bocage** em língua portuguesa, ou **Pope** e **Samuel Johnson** na inglesa, defenderam o retorno à *“simples pureza antiga”*, usando linguagem contida, versos heroicos regulares e temas pastoris e greco-romanos, contra os “excessos emocionais” que começavam a surgir. A ópera clássica de **Gluck** e o estilo galante na música também buscavam linhas claras e equilíbrio. E sobretudo, na música, temos a chamada **Era Clássica** vienense: **Haydn, Mozart e o jovem Beethoven** (c. 1760–1800) compõem sinfonias e quartetos obedecendo formas fixas (sonata, rondó) e proporções sonoras balanceadas, numa verdadeira tradução sonora do ideal iluminista de ordem. Desse modo, **Neoclassicismo e Iluminismo** formaram um poderoso bloco saturnino no fim do século XVIII: uma arte guiada pela *razão, pelo didatismo moral e pela retomada disciplinada do passado clássico*. O Barroco e seu epílogo Rococó (este mais frívolo e decorativo ainda, na primeira metade do séc. XVIII) foram criticados pelos iluministas como *degenerações do bom gosto*. O filósofo Winckelmann, teórico do neoclassicismo, advogava que a única maneira de ser grande e, se possível, inimitável, era imitar os antigos. Essa pedagogia clássica dominou academias de arte e impregnou a mentalidade europeia às vésperas do século XIX. Em termos astrológicos simbólicos, **Saturno** (a tradição, a estrutura) recuperava sua coroa após o reinado exuberante de **Júpiter** no Barroco. ## Romantismo (Júpiter) e Realismo/Naturalismo (Saturno)
No final do século XVIII e início do XIX, porém, uma nova onda revolucionária – tanto artística quanto política – varreu a Europa: o **Romantismo**. Surgido gradualmente a partir do Sturm und Drang alemão (década de 1770) e consolidado no primeiro terço do século XIX (c. 1800–1850), o **Romantismo** foi essencialmente uma explosão de subjetividade, imaginação e liberdade individual – atributos claramente **jupiterianos**. O romantismo, definem os historiadores, *“foi um movimento artístico e intelectual originado no final do séc. XVIII, atingindo o auge entre 1800 e 1850, caracterizado pela ênfase na emoção e no individualismo, pela glorificação do passado e da natureza, preferindo o medieval ao clássico”*. Ou seja, os românticos deliberadamente *rejeitaram o racionalismo* iluminista e o culto aos modelos greco-romanos, buscando inspiração em fontes alternativas: a era medieval, as lendas populares, o exótico, o sobrenatural e, acima de tudo, a expressão sincera dos sentimentos pessoais. Em contraste ao “equilíbrio clássico” (Saturno) do Neoclassicismo, **o Romantismo exaltou a paixão, a fantasia, o mistério e o eu interior** (Júpiter).
Nas artes plásticas, os românticos empregaram cores vibrantes, pinceladas soltas e composições turbulentas. O pintor francês **Eugène Delacroix**, por exemplo, em *A Liberdade Guiando o Povo* (1830) ou *A Morte de Sardanápalo* (1827), rompe com a linearidade clássica de David, lançando mão de um caos organizado de figuras, muita cor e emoção patriótica ou orientalizante. O inglês **J. M. W. Turner** dissolve formas em luz e movimento, para transmitir o sublime da natureza e das tempestades – a pequena figura humana perante a imensidão (tema caro aos românticos). Na literatura, o Romantismo produziu poetas e novelistas celebrando desde o amor exacerbado até o terror gótico e o nacionalismo folclórico. **Goethe**, em seu *Os Sofrimentos do Jovem Werther* (1774), inaugurou a voz do “eu” lírico emotivo, inspirando gerações de “espíritos românticos” pela Europa. **Lord Byron**, **Shelley** e **Keats** na Inglaterra; **Victor Hugo** e **Chateaubriand** na França; **Almeida Garrett** e **Byron** (influência indireta) em Portugal; **Álvares de Azevedo** e outros no Brasil – todos exploraram temas de paixão, natureza indomada, heróis libertários ou melancólicos, ruínas medievais e espiritualidade mística. O tom predominante era a **rebeldia contra convenções** e a **valorização do sentimento sobre a razão**. “**Tristeza**, **saudade**, **imaginação**, **liberdade**” tornaram-se palavras-chave. Na música, o período romântico (c. 1820–1900) levou a linguagem tonal a novos extremos de expressividade: **Beethoven**, transição do clássico para o romântico, infundiu suas sinfonias de drama subjetivo; **Chopin** compôs peças para piano de intensa poesia interior; **Wagner** revolucionou a ópera com cromatismo e mitologia teutônica grandiosa; **Verdi** imprimiu paixão e voz aos sentimentos patrióticos e amorosos no palco operístico. As formas musicais ficaram mais livres (poemas sinfônicos, rapsódias) ou, quando mantidas, serviam a propósitos expressivos inéditos (a sinfonia *Fantástica* de Berlioz, 1830, por exemplo, é uma alucinação sentimental narrada musicalmente).
Em síntese, o **Romantismo foi a reafirmação do arquétipo de Júpiter**: expansivo, aventureiro, fervoroso e muitas vezes rompendo limites. Ele representou uma “tradição da ruptura”, para usar a expressão de Octavio Paz, pois a modernidade romântica define-se pela negação das regras clássicas em favor do *novo, do diverso, do subjetivo*. Entretanto, como todo movimento leva consigo o germe de uma reação, **a segunda metade do século XIX assistiu ao florescimento de uma contra-corrente realista**, que podemos associar a Saturno. Por volta de 1850, já saturados pelos excessos do romantismo (que às vezes resvalavam em fantasia escapista), diversos artistas na Europa passaram a valorizar a **observação objetiva da realidade cotidiana** e a abordagem sóbria dos fatos sociais. Nascia o **Realismo**, primeiro na França, declaradamente “em reação ao romantismo”. Conforme sintetiza a definição enciclopédica: *“O Realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX na França, em reação ao romantismo. Baseava-se na representação **objetiva da realidade**, rejeitando o sentimentalismo e o subjetivismo”*. De fato, os realistas buscavam retratar *a vida como ela é*, sem idealizações heroicas ou emotivas, muitas vezes com intenção de crítica social.
Na pintura, **Gustave Courbet** liderou o movimento realista com telas como *Os Quebradores de Pedras* (1849) e *Um Enterro em Ornans* (1850), que chocaram o público ao colocar camponeses anônimos e cenas banais em tamanho monumental, sem embelezamento – “repudiando a artificialidade” tanto do neoclassicismo quanto do romantismo anteriores. Também **Jean-François Millet** pintou a dura vida rural (*As Respigadoras*, 1857) com dignidade, porém sem romantização. Na literatura, surgem os grandes romances realistas e naturalistas: **Honoré de Balzac** já havia iniciado uma descrição extensa dos tipos sociais franceses; **Gustave Flaubert** publica *Madame Bovary* (1857), notável pela impassibilidade narrativa e dissecação psicológica sem julgamentos morais sentimentais; **Émile Zola** leva adiante com o Naturalismo (1870s) explorando determinismo social e científico nos romances. Na Inglaterra, **Charles Dickens**, embora com coração compassivo, retrata cruamente a sociedade industrial; na Rússia, **Tolstói** e **Dostoiévski** (este com traços psicológicos complexos, mas ambos atentos à realidade social e moral de seu tempo). A tônica é **anti-heroica, objetiva e crítica**, focando muitas vezes nas classes médias e baixas e seus problemas concretos. Em música erudita, não houve exatamente um “realismo musical” como escola, mas podemos citar o movimento **verista** na ópera italiana (final do séc. XIX) – com compositores como **Mascagni**, **Leoncavallo** e algumas obras de **Puccini** – que colocaram no palco histórias de gente comum (camponeses, boêmios) e tragédias passionais sem final feliz, em linguagem direta. Esse *verismo* operístico foi análogo ao naturalismo literário, rejeitando os enredos mitológicos ou nobres do romantismo anterior, em favor de uma emoção mais crua e cotidiana. Assim, o **Realismo/Naturalismo** do período 1850–1890 aproximadamente funcionou como correção saturnina ao romantismo jupiteriano: trouxe de volta o **pragmatismo, a análise racional da sociedade, o comprometimento com a verdade factual**. Muitos realistas se apoiaram em filosofias científicas emergentes (o positivismo, por exemplo, comteano, influenciou Zola e outros). As cores extravagantes e os cenários exóticos do romantismo deram lugar à paleta sóbria das fazendas de Millet ou dos cortiços de Dickens. Em lugar da subjetividade do *eu*, o realismo preferiu a *terceira pessoa onisciente*, descrevendo o mundo externo de modo quase documental. Pode-se dizer que, mais uma vez, Saturno (realidade, responsabilidade) veio cobrar seu pedágio após o longo banquete de Júpiter (idealismo romântico).
É interessante notar, contudo, que mesmo dentro do período predominantemente realista, havia contracorrentes jupiterianas: na poesia, por exemplo, emergiu o **Simbolismo** (a partir de 1880), pleno de misticismo, musicalidade e imaginação, representado por **Baudelaire**, **Verlaine**, **Rimbaud** – o que mostra que as polaridades podiam coexistir e alternar-se em ciclos curtos também. De fato, Baudelaire, contemporâneo de Flaubert, já reintroduzia o culto da subjetividade e do feérico poético (*As Flores do Mal*, 1857) em plena era realista. Pouco depois, na pintura, o **Impressionismo** (década de 1870–80) desafiou o academicismo realista com sua ênfase na impressão subjetiva da luz e da cor – movimento liderado por **Claude Monet** e **Renoir**, que apesar de retratar cenas reais do cotidiano, o faziam de forma sensorial e fugidia, não “objetiva” no sentido estrito. São indícios de que o pêndulo começava a oscilar novamente para o lado jupiteriano conforme o século XIX aproximava-se do fim. ## Vanguardas Modernistas (Júpiter) e Retornos ao Clássico no século XX (Saturno)
No alvorecer do século XX, as artes ocidentais entraram em um período de efervescente experimentação e ruptura – a era das **Vanguardas Modernistas** (aprox. 1900–1940). Esse foi, sem dúvida, um ciclo fortemente **jupiteriano**, caracterizado por uma explosão de formas inovadoras, rejeição das convenções acadêmicas e busca incessante pelo novo. A chamada arte “moderna” trouxe à cena movimentos sucessivos que quebraram paradigmas estéticos de forma radical. Por exemplo, o **Expressionismo** (c. 1905–1920) distorceu cores e figuras para expressar angústias subjetivas (pense nas figuras contorcidas de **Edvard Munch** em *O Grito*, 1893, ou na arte do Die Brücke alemão); o **Cubismo** (c. 1907–1914), liderado por **Pablo Picasso** e **Georges Braque**, desmontou a forma e o espaço em facetas geométricas, desafiando a perspectiva clássica em nome de uma visão múltipla e intelectualizada da realidade; o **Futurismo** italiano (1909–1915) glorificou velocidade, máquinas e choque, rompendo com qualquer nostalgia do passado; o **Dadaísmo** (c. 1916–1922) e o **Surrealismo** (a partir de 1924) subverteram por completo a lógica e a razão na arte, abraçando o absurdo e o inconsciente (como nas obras oníricas de **Salvador Dalí** ou nos poemas automáticos de **André Breton**). Em todas essas vanguardas, nota-se o repúdio pelos estilos tradicionais e uma fé quase utópica na *originalidade* – em sintonia com a natureza expansiva e exploratória de Júpiter. **Palavras-chave** do modernismo incluem *inovação, liberdade formal, ruptura, antiacademismo, utopia*. De fato, por volta de 1910, o pintor acadêmico **Bouguereau** ou os músicos românticos tardios eram vistos pelas novas gerações como símbolos de um passado “esgotado”, a ser superado por completo. Na literatura, o **Modernismo** produziu obras revolucionárias na forma e conteúdo: **James Joyce** em *Ulisses* (1922) desmonta a narrativa linear em fluxos de consciência caleidoscópicos; **T. S. Eliot** em *A Terra Desolada* (1922) fragmenta a estrutura poética para refletir a crise espiritual moderna; no Brasil, a *Semana de Arte Moderna* (1922) proclama a independência estética e linguística do academicismo parnasiano. Tudo isso aponta para um ciclo marcadamente jupiteriano de **quebra de limites e expansão de horizontes estéticos**.
Entretanto, mesmo no auge dessas vanguardas, houve momentos de **retorno à ordem** – manifestações saturninas que tentavam recuperar algum equilíbrio clássico dentro da modernidade. Após o choque cultural da Primeira Guerra Mundial (1914–18), muitos artistas sentiram necessidade de retomar certos valores de clareza e estabilidade. Os anos 1920 viram, por exemplo, o movimento do *“Retorno à Ordem”* na França: pintores como **Picasso** (que nos anos 20 adotou temporariamente um estilo neoclássico em certos trabalhos) e **Braque**, após o cubismo analítico austero, incorporaram figuras mais sólidas e temas tradicionais; na Itália, surgiu a **Pittura Metafisica** de **Giorgio de Chirico**, com ambientes clássicos vazios que resgatavam a memória da Antiguidade, e posteriormente o **Novecento Italiano**, grupo que pregava um neoclassicismo alinhado ao nacionalismo. Na música erudita, o compositor russo **Igor Stravinsky**, expoente do radicalismo rítmico de *A Sagração da Primavera* (1913), surpreendeu ao adotar a fase **Neoclássica** (1920–50), compondo obras inspiradas em Mozart e Bach (por exemplo, a suíte *Pulcinella*, 1920, baseada em Pergolesi). Foi um claro **gesto saturnino** de revalorização da forma tradicional em meio ao caos pós-guerra. Arquitetos modernistas como **Le Corbusier** mantiveram um espírito saturnino no sentido de buscarem *ordem funcional e racionalidade* (a máxima “a casa é uma máquina de morar” reflete bem a busca de eficiência e clareza), ainda que rejeitando ornamentos clássicos – ou seja, Saturno aqui se manifesta na ênfase na estrutura e utilidade. Por outro lado, arquitetos **pós-modernistas** das décadas de 1970–80 (como **Philip Johnson** ou **Robert Venturi**) reagiriam à austeridade modernista reintroduzindo citações históricas e elementos lúdicos nas construções, num movimento expansivo jupiteriano de ironia e pluralismo estilístico.
No campo das artes visuais após a Segunda Guerra (1945), o pêndulo continuou suas oscilações: o **Expressionismo Abstrato** dos anos 1950 (Jackson Pollock, Willem de Kooning) foi um momento de máxima liberdade gestual e emocional – um jorro jupiteriano de subjetividade na pintura. Em seguida, nos anos 1960, surgiu o **Minimalismo**, reduzindo a arte às formas geométricas simples e repetição, eliminando expressão pessoal – claramente um impulso saturnino de depuração e controle (ex.: esculturas moduladas de **Donald Judd** ou música minimalista de **Philip Glass** com estruturas repetitivas rigorosas). Logo depois, no final dos 70 e 80, veio a **Transvanguarda** e o **Neoexpressionismo** (Basquiat, Anselm Kiefer etc.), recolocando narrativa, cor e emoção forte na pintura – de novo um giro jupiteriano. A literatura pós-moderna (de *O Jogo da Amarelinha* de Cortázar a *O Nome da Rosa* de Eco) misturou alta e baixa cultura, fragmentou e ironizou os gêneros – um “excesso” criativo deliberado, também de caráter jupiteriano no sentido de romper fronteiras de linguagem. Ao mesmo tempo, correntes literárias minimalistas ou realistas voltaram nos anos 1980–90, como certas obras de *Raymond Carver* ou do movimento “dirty realism” nos EUA, revalorizando a contenção e o ordinário (traços saturninos).
Nos **tempos contemporâneos** (fim do século XX e início do XXI), a arte tornou-se extremamente plural, convivendo múltiplas tendências simultaneamente. Pode-se argumentar que o próprio conceito pós-moderno é uma espécie de síntese que mistura ambos os polos: ora com atitude lúdica e caótica (Júpiter), ora com citação erudita e crítica racional (Saturno). Em artes visuais, por exemplo, a **arte conceitual** e a **performance art** (décadas de 1960–70) enfatizaram a ideia sobre a forma, muitas vezes com tom cerebral e crítico (um viés saturnino-intelectual), enquanto outras manifestações contemporâneas como instalações imersivas, arte digital interativa ou revival de técnicas tradicionais em novos contextos podem carregar tanto exuberância criativa quanto reflexão formal. Na música clássica contemporânea, após o auge serialista (que era estritamente estruturado) e suas reações aleatórias (Fluxus, John Cage), assistimos a uma reaproximação do tonal e do acessível em fins do século XX – compositores “neo-românticos” ou minimalistas tonais trouxeram de volta certa emotividade e consonância (um toque de Júpiter após o Saturno severo do serialismo). Já no cinema e na cultura pop, tendências nostálgicas alternam-se com ondas futuristas em ciclos cada vez mais rápidos. Em suma, o **século XX e início do XXI** confirmam a dialética Saturno–Júpiter em ação contínua: **momentos de ordem, racionalização e retomada do passado** sucedem-se a **momentos de caos criativo, subjetividade e iconoclastia**, muitas vezes em intervalos breves ou até coexistindo em campos diferentes. Essa alternância, que outrora se dava ao longo de séculos (como vimos entre épocas antigas, medievais, renascentistas, etc.), acelera-se na contemporaneidade – mas nem por isso deixa de existir. A própria análise de Argan mencionada na introdução prevê que todos os movimentos da arte europeia podem se alinhar a um dos dois grandes vetores: o *clássico-saturnino* ou o *romântico-jupiterino*. ## Conclusão
Através deste percurso histórico, procuramos demonstrar a existência de um **padrão cíclico** na cultura ocidental, análogo a uma “respiração” entre polos opostos, que aqui associamos simbolicamente a **Saturno** e **Júpiter**. Desde a Antiguidade clássica versus helenística, passando pela Idade Média versus Renascimento, Barroco versus Neoclassicismo, Romantismo versus Realismo, até as idas e vindas entre vanguardas modernas e retomadas clássicas, notamos que a arte ora enfatiza *disciplina, equilíbrio e tradição*, ora privilegia *expansão, emoção e ruptura*. Claro está que nem todos os períodos encaixam-se perfeitamente em rótulos – muitas nuances poderiam ser exploradas, e frequentemente há misturas (por exemplo, o Barroco contém tanto elementos de continuidade clássica quanto de inovação). Contudo, a tendência geral de **alternância** é sustentada por diversas evidências históricas e já foi teorizada por autores importantes. A analogia astrológica serviu aqui como uma lente poética para compreender tais fluxos: Saturno, senhor do tempo e das estruturas, figurativamente “reina” em épocas de retorno à ordem, enquanto Júpiter, expansivo e otimista, “governa” as eras de criatividade e transformação. Essa perspectiva integradora entre **História da Arte** e **Astrologia Cultural** não pretende ser determinista, mas sim oferecer um arcabouço interpretativo para padrões culturais. Vale lembrar que, na astrologia mundana clássica, as conjunções de Júpiter e Saturno (os “cronocratores” de grandes ciclos de 20 anos) eram vistas como indicadoras de mudanças de época. Se isso é apenas símbolo ou sincronicidade, não cabe aqui concluir. O fato é que a dialética entre forças antagônicas – razão/emoção, regra/liberdade, tradição/inovação – é inerente ao desenvolvimento da arte e do pensamento. Conhecer o passado sob esse ângulo pode nos ajudar a entender o presente: em momentos de excesso de caos criativo, pressente-se a busca por nova ordem; em momentos de excesso de rigidez, clama-se por libertação. Talvez estejamos, no momento contemporâneo, numa rara situação em que Saturno e Júpiter convivem simultaneamente em diferentes esferas culturais, dada a globalização das referências. Ainda assim, é provável que futuros historiadores identifiquem, com o recuo do tempo, quais tendências (saturninas ou jupiterianas) definiram melhor o **espírito** de nossa época.
Em conclusão, a metáfora dos “dois planetas” enriquece a análise histórica ao lembrar que nenhuma fase criativa surge isolada: ela é muitas vezes *resposta* à anterior e *prelúdio* da seguinte, num eterno balanço. A arte ocidental, ao que tudo indica, orbita ciclicamente entre o amor pela forma eterna de Saturno e o impulso visionário de Júpiter – e é desse diálogo cósmico que nasce, renovada, a **beleza** através dos séculos. ## Referências Bibliográficas * ARGAN, Giulio Carlo. *Clássico e romântico*. In: **Arte Moderna**. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 11–34. (Trecho citado em sobre a relação dialética clássico vs. romântico na cultura artística moderna). * MASSINI, Silas. *Barroco – A arte em êxtase pela música*. *Blog Arte Clássica Eterna*, 04 set. 2015. Disponível em: *[http://arteclassicaeterna.blogspot.com/2015/09/barroco-arte-em-extase-pela-musica.html](http://arteclassicaeterna.blogspot.com/2015/09/barroco-arte-em-extase-pela-musica.html)*. Acesso em: 08 ago. 2025. (Texto de blog citando que Barroco exalta emoção contra razão renascentista, e equiparando o helenismo ao “Barroco da antiguidade”). * **Wikipédia (ed. em português)**. *Barroco*. Disponível em: *[https://pt.wikipedia.org/wiki/Barroco](https://pt.wikipedia.org/wiki/Barroco)* (seção “Contextualização”). Acesso em: 08 ago. 2025. (Definição do Barroco, sua cronologia – final do séc. XVI a meados do XVIII – e contraste de características em relação ao Renascimento). * **Wikipédia (ed. em português)**. *Romantismo*. Disponível em: *[https://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo](https://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo)* (intro). Acesso em: 08 ago. 2025. (Definição do romantismo como movimento do final do séc. XVIII a meados do XIX, enfatizando emoção, individualismo e medievalismo vs. classicismo; nota de que o Realismo surgiu como reação a ele). * **Wikipédia (ed. em português)**. *Realismo*. Disponível em: *[https://pt.wikipedia.org/wiki/Realismo](https://pt.wikipedia.org/wiki/Realismo)* (intro). Acesso em: 08 ago. 2025. (Definição do Realismo como movimento artístico-literário das últimas décadas do séc. XIX na França, reação ao romantismo, com representação objetiva da realidade e rejeição ao sentimentalismo). * ESTRATÉGIA Vestibulares. *História da Arte: resumo sobre os principais períodos artísticos*. Disponível em: *[https://vestibulares.estrategia.com/portal/materias/artes/historia-da-arte/](https://vestibulares.estrategia.com/portal/materias/artes/historia-da-arte/)*. Acesso em: 08 ago. 2025. (Linha do tempo geral; referência ao fato de que a arte moderna dos séc. XIX-XX foi marcada pela liberdade criativa e ruptura com padrões acadêmicos). * LUIS BARREIRA (Luís C. Barreira). *Arte, sublime inutilidade* – postagem “risus paschalis”, 10 abr. 2023. Disponível em: *[https://luisbarreira.net/art/category/ARTE](https://luisbarreira.net/art/category/ARTE)* (citação de descrição astrológica clássica: princípios de Júpiter como abundância, equilíbrio no progresso, e de Saturno como planeta de restrição e provações). * VON AH, Heloísa. **Saturno no mapa astral: o Senhor do Karma**. *WeMystic Brasil*. Disponível em: *[https://www.wemystic.com.br/saturno-no-mapa-astral/](https://www.wemystic.com.br/saturno-no-mapa-astral/)*. Acesso em: 08 ago. 2025. (Artigo de astrologia com explicações sobre Saturno e contraste com Júpiter: Saturno = limitação, razão, tradição; Júpiter = expansão e otimismo). * NANDO (Astrokabana). *Discussões sobre polaridade Saturno–Júpiter na arte* – **Prompts de pesquisa** via ChatGPT5, 2025. (Fonte de inspiração conceitual; comunicação pessoal). * **OpenAI**. *ChatGPT-5* (modelo GPT-4), 2025. (Assistente de inteligência artificial utilizado para pesquisa bibliográfica e elaboração deste artigo).
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