Samhain: FERIADO RELIGIOSO CELTA
O HALLOWEEN DO SACI E DAS BRUXAS
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| Festival Celta Samhain, Colheita |
O Halloween, celebrado principalmente nos Estados Unidos, tem suas raízes no antigo festival celta de **Samhain**, um dos eventos mais importantes da Irlanda e Escócia. Samhain era o ano novo celta, celebrado entre o final de outubro e início de novembro, e marcava a transição entre o verão e o inverno. Nesse período, acreditava-se que o véu entre o mundo dos vivos e dos mortos ficava mais tênue, permitindo que as almas dos antepassados visitassem seus familiares. Era um momento de ritos e oferendas para honrar os mortos, proteger a comunidade e renovar o ciclo de vida. Com o tempo, a tradição pagã foi assimilada pelas celebrações cristãs como o Dia de Todos os Santos e o Dia de Finados, mantendo viva a essência espiritual do Samhain sob uma roupagem culturalmente transformada.
Na Galiza e no norte de Portugal, festividades como o **Magusto** preservam essa herança celta, mantendo viva a essência do Samhain através de celebrações ao redor de fogueiras e do consumo de castanhas. O Magusto promove a união familiar e a reflexão sobre o ciclo da vida. Esse tipo de celebração, associada ao ciclo solar e à ancestralidade, é parte do patrimônio imaterial galego-português e representa uma continuidade cultural significativa para a região. Essa revitalização de tradições locais, promovida por escolas e comunidades, fortalece a identidade regional e a valorização das memórias da Galécia antiga, reforçando a importância de preservar costumes que remetem à conexão espiritual com o mundo natural.
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O Halloween moderno, celebrado globalmente, carrega esses elementos históricos e culturais, embora tenha ganhado contornos diferentes. Hoje, é comum associar o Halloween a fantasias, festas e “gostosuras ou travessuras,” mas seu caráter original permanece em símbolos como as reuniões familiares, as fogueiras e as visitas a casas para pedir oferendas. A prática de pedir doces, que remete às oferendas para os mortos, permite que a tradição evolua sem perder sua essência espiritual e cultural, refletindo uma herança que transcende as fronteiras de uma única nação.
No Brasil, em uma tentativa de valorizar o folclore
nacional, foi instituído o **Dia do Saci**, comemorado em 31 de outubro, mesma
data do Halloween. A ideia, surgida em 2003, foi destacar figuras folclóricas
brasileiras como o Saci-Pererê, que Mário de Andrade descreve como uma figura
ímpar do imaginário nacional, símbolo de uma faceta importante do caráter
brasileiro. Segundo Andrade, o Saci e Macunaíma representam traços únicos da
identidade brasileira, mas, ao se transformar o Dia do Saci em uma oposição ao
Halloween, corre-se o risco de desviar o foco do verdadeiro valor de ambas as
tradições.
O Saci é, na realidade, celebrado oficialmente em 22 de agosto, **Dia do Folclore Nacional**. Estabelecida em 1965, essa data visa destacar e preservar as lendas e mitos populares brasileiros. Contudo, a proposta de uma segunda data para o Saci, em 31 de outubro, surge como uma tentativa de revalorizar o folclore brasileiro em contraste ao crescente sucesso do Halloween no Brasil. Entretanto, a comparação entre as duas celebrações pode obscurecer suas raízes distintas e seus significados próprios. Celebrar o Saci na data oficial do folclore, em agosto, permite uma valorização do mito em seu contexto original, enquanto o Halloween, em outubro, pode ser apreciado como uma celebração global sem que uma festa sobreponha a outra.
O Halloween, assim como o Carnaval e o Réveillon, é uma celebração que se tornou global, e, ao se espalhar por diferentes países, adaptou-se a novas culturas. Sua comemoração, no entanto, não precisa representar uma ameaça às tradições locais. O Halloween, em sua dimensão cultural e histórica, convida ao respeito e à compreensão de uma herança espiritual milenar. No Brasil, ele pode ser celebrado ao lado de ícones folclóricos como o Saci, promovendo um respeito mútuo entre as tradições e incentivando a diversidade cultural. Assim, em vez de dividir, a celebração global do Halloween pode enriquecer o cenário cultural brasileiro, proporcionando um espaço onde várias heranças culturais coexistem.
Honrar as raízes culturais de cada festividade é essencial para celebrar a diversidade. Tanto o Halloween quanto o Dia do Saci têm valor e merecem ser celebrados. Valorizar o Samhain, o Saci e até o Magusto nos permite reconhecer a pluralidade das tradições e a riqueza da diversidade espiritual e cultural. Cada uma dessas celebrações carrega consigo uma herança que nos ajuda a compreender as raízes e os valores de diferentes culturas. Celebrar o Halloween como uma tradição importada, que agora pertence ao imaginário popular, não precisa anular a força das lendas e mitos brasileiros. Da mesma forma, fortalecer a presença do Saci e de outros personagens do folclore nacional reforça o orgulho pelas raízes culturais do Brasil.
O respeito por essas tradições diversas é um reflexo da nossa capacidade de abraçar a complexidade da humanidade. Celebrar o Halloween, com suas raízes celtas e seu espírito de renovação, e o Dia do Saci, com sua rica representação do imaginário nacional, é uma maneira de valorizar o que cada cultura tem de único a oferecer. Mais do que apenas eventos festivos, essas datas representam uma tapeçaria cultural que enriquece nossa visão de mundo e nos aproxima de uma compreensão mais profunda e ampla sobre a espiritualidade e a ancestralidade.
O intercâmbio cultural, quando feito com respeito e
compreensão, enriquece tanto os povos que recebem uma tradição quanto os que
compartilham a sua. A convivência pacífica e respeitosa entre tradições não só
amplia nosso entendimento mútuo, mas também celebra a rica tapeçaria cultural
da humanidade. Assim, o Halloween, o Dia do Saci, o Samhain e o Magusto podem
coexistir, cada um valorizando suas próprias raízes e inspirando uma celebração
da diversidade cultural que nos define como humanidade.
[Em conclusão, a origem do Dia das Bruxas tem suas raízes profundas na milenar cultura celta e sobreviveu, mesmo que de certa forma desvirtuada, ao teste do tempo. O festival evoluiu, foi influenciado por diversos povos e religiões e ainda atualmente é celebrado, porém sem o mesmo simbolismo. Ainda assim, o Halloween é bem mais do que abóboras esculpidas, fantasias e doces; ele é uma ligação entre o passado e o presente, um eterno lembrete dos tempos mágicos vividos pelo povo celta.]
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